A advocacia criminal exige exacerbadamente as qualidades do advogado principalmente a coragem, coragem de defender alguém mesmo quando toda a sociedade está contra ele. Um espírito inovador, combativo; orgulhoso e altivo; mas ao mesmo tempo humilde, sem brilho e estardalhaço. A vaidade, a necessidade de reconhecimento e aprovação, tudo o que é mesquinho e egocêntrico deixa de existir em prol da defesa de uma pessoa negada pela sociedade, levada ao marginalismo. A ideologia torna-se mais importante que qualquer coisa. A defesa não é só de um indivíduo e sim de toda a sociedade, ele luta contra os governos que não sabem punir adequadamente e ao mesmo tempo ajuda o Estado, reconstruindo-o com um policiamento enérgico. Esse sentimento comum em nós iniciantes é com freqüência negado pelos mais velhos, mas quais advogados veteranos esquecem das “ilusões acadêmicas”? Somente os maus advogados dissolvem a paixão construída anteriormente e justamente por isso não alcançam o que queriam, vivendo no incomodo até o abandono da profissão.
A idéia difundida no Brasil acusando o advogado criminalista de ajudar a impunidade e a injustiça é errônea, revela que o país não está preparado para lidar com a justiça e o pior, não tem ciência da realidade. “O criminalista serve para tirar bandido da cadeia apenas”, é exatamente essa a idéia central do ignorante, com essa visão egoísta, trai até o seu próprio individualismo esquecendo que qualquer um pode ser preso um dia por uma simples eventualidade ou impulso primitivo, como a raiva. Essa vertente do Direito cuida dos buracos do governo, das falhas que levam a sociedade a justificar as idéias antigas, deterministas e suas injustiças. Todo Estado falha no seu policiamento e sanções, ele é naturalmente propenso ao acúmulo de poder; Como o corpo estatal não é humano, e sim composto por seres vivos, ele não se sensibiliza com eventualidades, condições e necessidades, então simplesmente essa massa de funcionários priva alguém da liberdade sem levar em consideração as minúcias da realidade. A idéia é simples: o governo não faz a sua parte, promove um péssimo governo com erros grotescos de administração e ainda por cima quer varrer o pó para debaixo do tapete prendendo os que foram atacados por ele com sua negligencia. O resultado é um sistema carcerário superlotado e desorganizado onde os criminosos externos são comandados, o crime se normaliza e as organizações criminosas ganham poder.
O advogado criminalista limpa a sujeira do governo, é rico em cultura ideológica forte, renuncia ao comodismo, normalmente envolvido com causas sociais e é detentor de extrema sensibilidade, por isso é eternamente reconhecido. O criminalista agita a sociedade mostrando a realidade, tirando-a da ilusão feudal muito perigosa por sinal, alertando-a que existem marginais e que a segurança por traz dos muros é uma grande mentira e principalmente mostra que os erros humanos devem ser revistos e analisados com o cuidado que a nossa complexa espécie merece. São os verdadeiros solucionadores dos problemas humanos.
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